sábado, 26 de novembro de 2011

Quando tudo começou...

Em Setembro de 2010 quis o destino pregar-me a maior partida da minha vida. Eu que me recusava a ter filhos e assumir o papel de mãe, que adorava a minha rotina estonteante e bastante atarefada, preocupei-me seriamente com a possibilidade de estar grávida.
Nessa altura de férias e abstracção sobre a dita rotina levou-me a alguns esquecimentos. Foram tantos que decidi parar por ali a toma do anticoncepcional que me acompanhava já há 10 anos. Pela primeira vez tinha-me esquecido, sistematicamente, de tomar aquele comprimido pequenino e as possibilidades de protecção baixaram consideravelmente.
Depois de uma semana decidi fazer o teste. Negativo. Senti um alívio enorme depois de uma semana a pensar como seria a minha nova vida com a chegada de um bebé. Mas, ao contrário do que eu esperava, a angústia não acabou ali, com aquele teste de gravidez... sentia-me aliviada porque não estava preparada, mas sentia-me igualmente triste e não conseguia explicar, era estranho...
Eu e Tu falamos sobre o que tinha acontecido e eu decidi parar de tomar a pílula. A razão era óbvia: como tinha enxaquecas incapacitantes durante os sete dias de pausa, vamos lá limpar o corpinho que começa a ficar viciado nesses comprimidos.  Aproveitei para fazer análises e dizer à médica de família que pensava engravidar. Brincadeirinha, porque lá no fundo, lá no fundo, eu não queria ser mãe, queria já despachar essa parte para ganhar tempo um dia que eu resolvesse querer engravidar.
O que eu desconhecia por completo este novo caminho por onde começava a caminhar...
Depois das análises feitas, a médica disse-me estar tudo bem e começar os treinos e só lá voltar com um teste positivo.
Há alguns anos atrás foram detectados uns quistos nos ovários e desde essa altura que o meu ginecologista previu alguma dificuldade em engravidar. Ciente dessa decisão, lá continuei eu a minha vida normal sem tomar a pílula e convencida da Silva que não iria engravidar, mas uma voz lá longe dizia que era melhor estar prevenida porque havia a possibilidade de acontecer. Ora como a médica não me explicou nada das análises e nem me mandou tomar nada, apenas para brincar muito, decidi marcar uma consulta no meu médico ginecologista. Aí tive que ser franca e falei com ele: vou começar a tentar, mas não vou fazer disso o meu objectivo, quando acontecer, acontecerá e ficarei muito feliz!!! Vim para casa com alguns cuidados a ter com a alimentação porque não sou imune à toxoplasmose e com ácido fólico para tomar todos os dias. Ah, e com luz verde para treinar.
Foi aí, nessa consulta, que desabrochou em mim o verdadeiro desejo de ser mãe, como um despertador que decidiu tocar bem alto para que eu acordasse para a vida e me deu um abanão tal que me fez engolir todas as justificações que até aí andei a bradar aos quatro ventos, afirmando que não queria ser mãe.
Agora sinto-me culpada, como se estivesse a pagar por isso.

3 comentários:

  1. Acho que todas passamos por isso. Depois não conseguimos e arranjamos todos os argumentos para nos sentirmos culpados.

    Não penses assim. Só estarás a ser má contigo própria.

    beiojinho e força

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  2. Obrigada Alice, pelas palavras. Estou naquela fase de arranjar desculpas para tudo, como se fosse essa a solução para o problema. Obrigada.
    Um beijinho.

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  3. Comecei de maneira parecida à tua, assim não muito convencida do que queria. É uma vontade que vai crescendo dentro de nós, mas a culpa não ajuda em nada por isso pensamento positivo!
    Bjs

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