segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Gatos Vs Toxoplasmose

Quando fiz as primeiras análises para o planeamento da futura gravidez descobri que não sou imune à toxoplasmose, ou seja, nunca contactei com o vírus, portanto não criei imunidade.
Defensora acérrima que sou pelos animais e tendo eu duas gatas em minha casa, queria desmistificar um pouco a ideia que se tem dos felídeos serem perigosos quanto à transmissão do dito vírus.
Aqui há dias encontrei um texto fantástico na net sobre este tema, isto porque já conheci casos próximos de casais que se livraram dos bichos só porque a rapariga engravidou.
O meu médico não me proibiu de fazer nada com as minhas gatas, tão pouco me proibiu de lidar com os cocós porque são animais de apartamento que nunca saem à rua, portanto, não há perigo algum (eu que adoro dar-lhes beijinhos). Disse-me ainda que é mais fácil contrair o vírus através da alimentação do que pelos animais.
Vou transcrever o artigo que encontrei no site da Arca de Noé:
« "Parabéns: você está grávida de 2 meses! Só tem um senão: você não está imune à toxoplasmose e se quiser ter uma gravidez bem sucedida deve desfazer-se do seu cão e do seu gato"
Certamente que estas palavras infelizmente tão repetidas nos consultórios médicos já foram ouvidas por centenas de mulheres cujo coração ficou dividido entre o bem estar do filho tão desejado e o dos seus queridos animais de estimação. 

Há motivos para tanta preocupação? Deve a mulher grávida automaticamente dar o seu cão ou gato quando engravida? Devemos acreditar em tudo o que lemos especialmente na imprensa destinada às leitoras do sexo feminino? 
É incrível que às portas do 3º milénio tantos médicos e auxiliares de saúde estejam tão mal informados acerca da gravidez e dos gatos. Vamos aqui desmistificar isto de uma vez por todas e verificar que NÃO É NECESSÁRIO LIVRAR-SE DO GATO QUANDO ESTÁ GRÁVIDA, tal como a maioria dos médicos aconselha. 

A toxoplasmose pode ocorrer em diversos mamíferos que ingiram carne crua, especialmente através da caça, e que por sua vez ingiram um dos estadios infectantes do protozoário chamado Toxoplasma gondii. Este parasita unicelular tem um ciclo de vida um pouco complicado. Sabe-se que tem de passar por um hospedeiro intermediário e por um definitivo, que é sempre o gato e APENAS O GATO, NÃO O CÃO! O toxoplasma só consegue produzir oocistos infectantes no intestino do gato. O cão não transmite toxoplasmose, coisa nenhuma. Que isto fique bem claro.

O ser humano serve portanto de hospedeiro intermediário. Nele o parasita enquista nos músculos ou outras partes do organismo. Mas esta infecção é geralmente assintomática. Muitas pessoas podem contrair toxoplasmose e não se aperceber disso, mas caso tenham sintomas estes podem ser febre baixa, dores musculares, aumento do volume dos gânglios linfáticos, perda de apetite e dores de garganta. 

Uma vez exposto à doença, o ser humano desenvolve imunidade contra o parasita e raramente torna a adoecer com toxoplasmose. Isto é confirmado através de uma análise sanguínea a qual revelará que a pessoa é seropositiva em relação a esta doença. A mulher grávida seropositiva já teve a doença por isso já não há risco para o feto. Apenas grupos de risco tais como as pessoas que padecem de SIDA ou outra situação que deprima o seu sistema imunitário (pessoas que fizeram recentemente algum transplante), estão em risco de adoecer novamente e de maneira grave (pneumonias ou doenças neurológicas).

Mas o caso complica-se se a mulher grávida não é seropositiva quando engravida. Neste caso ela não deve contrair toxoplasmose pela 1ª vez durante os primeiros 3 meses de gravidez (após este período os riscos são significativamente menores). Apanhar toxoplasmose durante o 1º trimestre de gravidez equivale ao risco do bebé nascer com graves deformações neurológicas ou mesmo retardamento mental.

Já estamos a ver porque há tanto pânico... mas de alguma forma exagerado. Vamos ver porquê. Se a leitora possui um gato já há algum tempo que vive exclusivamente em casa, e que jamais come carne crua, você NÃO está em risco. De facto está cientificamente provado que manusear carne crua ou trabalhar em jardinagem sem luvas é mais arriscado do que fazer festas ao seu gato.

Os gatos contraem toxoplasmose por comerem carne crua ou caça (ratos, p ex.) que contenham algum dos 3 estadios infectantes deste parasita. Neste caso os gatos excretarão pelas fezes oocistos infectantes 3 a 10 dias após a ingestão de tecidos infectados. Esta excreção pode durar até 14 dias após a 1ª exposição do gato ao parasita. MAS APÓS ESSE PERÍODO É POUCO PROVÁVEL QUE O GATO EXCRETE DE NOVO, pois tal como os humanos, o gato desenvolve imunidade contra o toxoplasma. Os oocistos excretados nas fezes transformam-se em infectantes apenas1 a 4 dias após a excreção e podem permanecer assim no meio ambiente por vários meses. Se você eliminar as fezes do gato diariamente da caixa de areia, especialmente se usar luvas, bem vê que o risco de contrair toxoplasmose é mínimo!

Normalmente os felinos não exibem sintomas de toxoplasmose. Todavia os gatos infectados e que inadvertidamente contraem alguma doença imunossupressora (FIV ou FELV) podem adoecer gravemente com sintomas variados: letargia, depressão, febre, diarreia, pneumonia, hepatite, uveite (inflamação ocular grave) ou mesmo doenças neurológicas. 

Existem muitas maneiras de minimizar o risco de contrair toxoplasmose. Cozinhe muito bem a carne pelo menos 15 a 20 m antes de a consumir. Tanto as carnes de vaca como o porco e o borrego podem transmitir a doença se consumidas cruas ou mal cozinhadas. O leite não pasteurizado de vaca, cabra ou ovelha também pode conter oocistos. Mantenha o seu gato exclusivamente em casa, não permita que ele consuma o que caça nem lhe forneça carne crua. Alimente-o com rações comerciais apropriadas.

Alguns médicos aconselham as grávidas a testar o seu gato para ver se é seropositivo ou não. Acho contraproducente até porque se der positivo, o gato pode já estar imune à doença, e já nem estar na fase de eliminação dos oocistos. Ou seja: pode já ter apanhado a doença há anos e agora já não constituir perigo nenhum. A má interpretação do teste pode condenar um gato que a priori pode não constituir perigo nenhum... Se o teste dá negativo, então melhor ainda! Não dê nada cru ao seu gato e não se preocupe mais com o assunto. O que interessa no fim de tudo é se a mulher grávida é imune ou não. Se não é, deve ser um pouco cuidadosa no primeiro trimestre de gravidez. Aliás, convenhamos: se você possui um gato há anos e ainda não está imune ao toxoplasma, não vai ser agora por azar que vai apanhar a doença só porque está grávida! 

O mais provável é que o seu gato não lhe transmita mesmo a doença. E ainda mais: normalmente as mulheres descobrem que estão grávidas no 2º mês de gravidez. Se já passaram 2 meses de risco sem ter cuidados, porque entrar em pânico com o seu bichaninho se já só falta mais um mês de alto risco para o feto? Muitas pessoas não se apercebem deste facto...

A toxoplasmose não é o único perigo que as grávidas têm de enfrentar. Se houver boa higiene, e consumo de carne apenas bem cozinhada, a maioria dos problemas serão evitados. A toxoplasmose não é nenhuma novidade e as mulheres grávidas não devem temer possuir gatos. A companhia e a devoção que os felinos nos dedicam ultrapassa em muito o risco de nos expormos a doenças. Todavia se restam algumas dúvidas não hesite em contactar-nos ou o médico veterinário do seu companheiro felino! Estime-o, não o abandone! 


6 MANEIRAS DE EVITAR CONTRAIR TOXOPLASMOSE
1 Use luvas de borracha e lave bem as suas mãos após fazer jardinagem. A forma infectante do parasita pode viver por longos períodos de tempo na sujidade e areia onde os gatos defecam
2 Calce umas luvas e lave e esvazie a caixa do areião do gato diariamente para os oocistos não terem a oportunidade de se tornarem infectantes
3 Consuma carne sempre bem cozinhada, nunca em "sangue" e lave muito bem as suas mão após manipular carne e vegetais crús.
4 Beba leite pasteurizado, nunca cru
5 Verifique através de análise sanguínea se é seropositiva ou não. Se der positivo, então não tem nada que se preocupar
6 Lave bem as mãos após contactar com qualquer gato »

5 comentários:

  1. Olá :)
    Constatei que também não sou imune á toxoplasmose... o que os médicos me disseram é que o problema estava nas fezes secas dos gatos. Não tenho gatos só um cão :). Publicaste imensa informação acerca disso, não comer carne mal passada, poderia mexer em gatos, não poderia, caso os tivesse em mexer na areia (WC) deles. A minha médica disse-me para evitar os morangos que não são de estufa ou outros frutos que fossem rasteiros...
    Vais ver que não vai acontecer nada de mal, é só preciso um pouco de cuidado.
    Beijinho

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  2. ola! muito obrigada pelo teu comentário!
    eu sinto me um bocadinho como tu pouco motivada para seguir os conselhos da médica... para quê deixar de comer, por exemplo, o presuntinho que tanto gosto se ainda não estou grávida?!?

    obrigada e boa sorte!
    beijocas*

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  3. Se eu estivesse no teu lugar, comia tudo o que me apetecesse :) quando chegar o dia, logo farás algumas restrições. Olha que ainda são nove meses sem se poder comer algumas coisas boas :))

    Beijo*

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  4. Eu também não sou imune, até repeti o teste porque estranhei visto que tenho gatos há mais de 15 anos. É a prova de que os gatos não são problema, é só necessário ter um bocadinho mais de cuidado.
    Bjs

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  5. Obrigada pelos vossos comentários. Neste momento tenho, exactamente, os mesmos cuidados com a alimentação que tinha antes de pensar em engravidar. Só quando estiver é que terei de evitar alguns alimentos para prevenir, no entanto, tal como o médico disse, se até agora não contraiu nada, era preciso ter muito azar acontecer na gravidez!!! E o exemplo da MabelBaby fortalece, ainda mais, a minha posição de que mais depressa tomamos contacto com o parasita na alimentação do que pelos gatos ;)

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